Capítulo 4 - Indícios


    (...)

    Sinto falta de tudo que deixei no Brasil.
    Conheci muitas coisas novas por aqui, mas nada me faz esquecer as coisas que deixei em meu doce cantinho.
    Carlos não me liga há um tempo, as tarifas são caras essa época do ano, mas algo me diz que não é por isso.

    Ele estava estranho na última ligação, um pouco preocupado, como se tivesse me escondendo algo.
    Sinto falta de meu amigo, quero voltar para vê-lo logo. Ai como eu estou ansiosa!

    - Mas que história enrolada Mariana! - disse uma nova amiga chamada Daniela.
    - E você não sabe nem a metade! - sorri de minha situação.
    - E esse Carlos, será que é só amizade? – indagou.
    - Não sei. Ele é meio indecifrável, sabe? Às vezes me parece que ele sente algo, mas depois fico um tanto confusa com as atitudes dele, como essa de ficar uma semana sem me ligar. 
    - Homens são assim mesmo, amiga. Não sei se são eles que são inseguros, ou se é agente que complica. – filosofou.

    Rimos juntas. 


    *  *  *


    Mariana tinha razão, algo fora do normal estava acontecendo.
    Carlos estava faltando muitas aulas na faculdade, isso era muito incomum, pois ele nunca fazia isso.
    Nas aulas em que estava presente sua mente vagueava, seus colegas estavam preocupados e os professores tentavam saber o motivo daquilo.
    Mas Carlos era um túmulo, sua vida era um segredo trancado a sete chaves.
    Para ele era fácil conversar com os outros sobre os problemas deles, mas tudo se complicava quando se tratava de falar de seus próprios sentimentos.
    Nos corredores apenas se notava sua presença por meio do eco de uma tosse intrusa em seu corpo.
    - Menino, que gripe é essa que não passa?-  perguntou Fabiana, uma de suas colegas de classe.
    - Está tudo bem, Fabiana, fica tranquila.
    Cássia e outros amigos iam sempre visitá-los, estavam preocupados também.

    - Mas ela precisa saber Carlos!
    - Não, Cássia, ela não precisa saber! Eu não quero estragar a viagem dela com uma preocupação.
    - Mas... - tentou argumentar.
    - Nem mas, nem meio mas. Está decidido e ponto final!
    - Você é muito teimoso, mas eu vou estar a seu lado. - garantiu o abraçando. - Falando nisso, acho que está na hora do remédio.
    - É mesmo! 
    A doença se alastrava rapidamente, Carlos sentia saudades de Mariana, mas sua cabeça estava cheia.
    O doutor disse que o principal num tratamento é a cooperação do paciente, o que não era muito o caso.
    “A mente precisa cooperar com o corpo”, ele dizia.

    Em vão. A fatalidade enfim aconteceu, quase que de repente para os que estavam por fora dos detalhes...

    (...)

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