(...)
O tempo passou rápido pra mim, mas a expressão de Carlos dizia que pra ele, não.
Ele fazia pose de conformado, mas quem o conhecia sabia que ele ainda estava muito triste.
Não havia voltado ainda pra faculdade, estava de férias do trabalho, tinha deixado alguns Hobbies de lado.
Eu não sabia se o entendia ou se ficava com raiva em vê-lo daquele jeito.
Insisti que ele me acompanhasse numa entrevista.
Quem sabe um passeio pelo litoral o animaria e agente poderia conversar.
O dia estava lindo: o céu azul, nenhuma nuvem pra atrapalhar.
Nós estávamos sentados no calçadão.
O silêncio de nossos lábios parecia uma terceira pessoa nos separando de uma ótima conversa.
- Quando quiser, podemos ir. - quebrei o silêncio.
- Está bem. - respondeu-me automaticamente.
Mais tempo calados. Nem ver as crianças brincando nos contagiava.
- Como foi a entrevista? - perguntou educadamente.
- É, acho que foi boa. - respondi sem nenhum entusiasmo. - Eu entendo o que você sente. - ousei continuar. - Mas nem ela gostaria de vê-lo desse jeito. Eu não gosto.
- Mas o que eu posso fazer? - continuava com o olhar perdido no horizonte aos meus olhos desconhecidos.
- Voltar, sair, sei lá, continuar. – ele olhou-me como se tudo que eu dissesse fosse incompreensível.
- Você realmente não entende.
- Sim, tem muitas coisas em você que eu não entendo. Eu sei que só quem passa sabe, mas não me culpe por não tentar.
- Talvez eu deva dar um fim a isso. - afirmou pensativo.
- É.- Disse eu, ao me levantar. - Talvez você queira ficar sozinho, quem sabe é melhor ficarmos sozinhos. - fui me retirando aos poucos, conformada com o fim de algo sem começo.
- Mas porque não juntos? - interrompeu minha partida. - Era verdade o que você disse, ou você só estava desesperada?
- Eu não estava desesperada! - me virei irritada.
- Eu não estava desesperada! - me virei irritada.
- E como se chama alguém que fala com um túmulo?
- Ah! É disso que você está falando. - sentei-me novamente. - Eu fui sincera todo o tempo. - confessei.
- Ah! É disso que você está falando. - sentei-me novamente. - Eu fui sincera todo o tempo. - confessei.
- Então é melhor darmos um fim a isso.
- Se é o que você quer...
- Mas dessa vez quero ser outro personagem.
- Exatamente de que você está falando? - estava confusa. “Personagem?”.
- Não é você quem diz que o fim de uma história é nada mais do que o começo de outra? E não era só em minha mãe em quem eu pensei esses dias. - não ousei perguntar em quem.
Esbocei um sorriso bobo.
- Que personagem você quer ser agora? - entrei na pilha, ignorando a última sentença, era difícil voltar a falar sobre aquele assunto.
- Em vez de dar uma parte de meu coração a você, quero ter outra função. –continuou.
- Hum, diga qual?
- Quero ser não só parte, quero sê-lo inteiro. Quero ser aquele que tu achavas ter perdido, quero ser aquele que sempre está contigo, mesmo que tímido e discreto bombeie teu sangue de modo imperceptível.
- Uau! De onde você tirou isso? - brinquei pra disfarçar o nervoso.
- Você não esperava, não é? - sorriu, mas logo voltou a seu tom mais sério. - Se um dia você achou que não existi, ou que nunca estive em você alimentando sua vida, foi porque tinha medo de me tornar tão visível a teus olhos a ponto de expor minhas falhas que te afastariam e que talvez te fizesses desejar nunca me ter em seu peito.
- Hum... Como poderemos começar essa nova história, a sinopse me atrai. - fiz cara de empresária de uma grande editora, como se aquilo não tivesse nada a ver comigo.
- Quero que você comece, se essa for sua vontade.
Um fim de uma história não é nada mais do que um começo de outra
e nessa segunda parte...ngm comentou..será que ngm gostou?
ResponderExcluirEu gostei! hehe
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