Capítulo 5 - Informações cortadas


    (...)

    Era o grande dia, enfim voltaria pra casa.
    Olhei a cidade pequenininha pela janela do avião, não havia nada de novo ali.
    O Cristo estava intacto e não haviam construído nenhum outro monumento em seu lugar.
    Seis meses parecera uma eternidade, mas valeu a pena, acho que eu sou a única louca que não gosta de ficar muito tempo em lugares desconhecidos.
    Desci esperando reencontrar grandes amigos, mas tudo que encontrei foi um grande vazio me esperando no aeroporto.

    Não sabia o que tinha acontecido.
    “Será que me esqueceram?”, pensei.
    No táxi, resolvi fazer uma surpresa. Era dia de semana e talvez Carlos estivesse na faculdade.
    Quase que perdida naquele grande lugar, achei melhor ir direto à secretaria e perguntar sobre ele.
    Tal foi minha surpresa ao saber que ele havia trancado a matrícula.
    Ainda meio perdida, sentei-me num banco qualquer.
    “Matrícula trancada? Tem alguma coisa errada.”, pensei.

    - Está procurando o Carlos? - uma jovem interrompeu meu pensamento.
    - É. - respondi sem entender como ela sabia.
    - Eu ouvi você perguntar. Tipo, ele está melhor?
    - Melhor? Ele estava doente? - aumento da confusão em minha mente.
    - É, acho que sim. Mas tipo, ele disse que era só um resfriado, mas ele estava super desatento em algumas aulas. Ele me ajudava em algumas matérias porque sou novata, mas parecia estar sem cabeça. Enfim... Mande um abraço e diga que todos estamos com saudades. Tenho que ir agora. Tchau.
    Fora minha preocupação, imaginei uma médica como aquela menina. “Tipo”, muito louco! Risos.

    Cheguei ao prédio, colocando em minha mente que estava tudo bem.
    Desespero nem sempre ajuda e minhas últimas experiências com sentimentos fortes não foram nada boas.
    O estranho não era o vazio que ali predominava, o estranho era o ar que eu respirava, estava pesado e poluído e ninguém aparecia pra me confortar. Até que vi uma movimentação, homens que nunca vi uniformizados e sérios.
    Desciam com os móveis de Carlos, todos desmontados, tudo estava encaixotado.
    - O que está fazendo? - perguntei a um dos homens.
    - A senhora é a dona Mariana? - perguntou ignorando minha pergunta.
    - É pra senhora. - disse estendendo a mão com um pedaço de papel com um endereço.

    Segui as coordenadas e, ao ver um grande muro branco se aproximar, percebi qual era meu destino.
    O ar que me pesava, saiu totalmente de meu corpo e me deixou ali sozinha.

    (...)

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