Capítulo 4 - O Encontro com a Realidade


    (...)

    Acordei bem cedo, estava louca para ir embora. Talvez na recepção eu conseguisse o nome de alguém para que eu pudesse pagar a ele ou a ela pelas despesas e tudo voltaria a ser como antes...
    Porém, a recepcionista me disse ser confidencial tal informação. Fiquei sem chão.

    Mas resolvi deixar pra lá.

    Ao sair daquele hospital, um táxi buzinou.
    Ignorei. Não tinha um centavo.
    Buzinou novamente, e ainda por mais uma terceira vez.

    Resolvi parar quando ouvi meu nome ser chamado.
    Ao entrar no táxi deixei claro que não teria como pagá-lo.
    - É só uma carona, vizinha - disse o  motorista.
    - Vizinha? - Estava ainda mais confusa.
    - Sim, não está me reconhecendo? Seu Jorge, bloco 3... O das compras; você trabalha no mercadinho do seu Pedro, não é?
    - Trabalhava... Acho que depois dessas faltas não trabalharei mais.
    - Ah, seu Pedro é gente fina. Conversa com ele! Afinal, toda a vizinhança sabe que a senhorita ficou doente.
    - SABE? - corei, agora todos devem me achar uma louca homicida.
    - A turma das fofoqueiras ficou curiosa para saber o porquê, mas o Carlinhos não quis dizer, e não fez mais do que o certo.
    - Carlinhos?
    - É... O Carlinhos... Ele mora no apartamento ao lado do seu, estuda medicina, entrega jornais pra ajudar a mãe, dona Maria... Menino esforçado, aquele!

    Droga, o bendito fofoqueiro invadiu a minha casa e me levou pro hospital! Ah, ele...
    Espere aí, ele me tirou a oportunidade de descansar em paz, certo?
    Mas devolveu-me a perspectiva de VIVER  em paz.

    Devo agradecer-lhe.
    Devo?
    Mas é claro! É o que vou fazer.

    (...)

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